terça-feira, 15 de abril de 2008

O PAPEL DO INTERLOCUTOR

Ednólia Carvalho Dourado[1]


MAIRINK-SABINSON, Maria Laura Trindade.O papel do interlocutor: in o sujeito e o trabalho com texto. Campinas, São Paulo. Mercado de letras, 1997.

Para a autora, esse capítulo apresenta resultados parciais de pesquisa realizada no seu projeto individual, que é “O papel do interlocutor no processo de aquisição da representação escrita da linguagem”, que desenvolveu no âmbito do seu projeto integrado_ A relevância teórica dos dados singulares na aquisição da linguagem escrita, com procedimentos do CNPq, e coordenado por Maria Bernadete Marques Abaurre.
Ela apresenta a sua proposta de pesquisa, com o objetivo de buscar respostas para umas séries de questões como, discutir o papel do adulto/ interlocutor nas modificações que as crianças aprendizes da escrita apresentam, verificar até que ponto as operações de relação são modificadas por interferências visíveis do interlocutor etc. Partindo dessa perspectiva, ela propõe buscar também nos corpora longitudinais de L, dados que forneçam indícios da história das operações de refacção textual.

Diz que o material que constitui o corpus referente ao pré-escolar, prima-se por anotações feitas em diários, desenhos e das primeiras produções escritas por L, que inclui desde as garatujas iniciais até a escrita produzida já com letra reconhecível (imprensa maiúscula).


Diante desses estudos, a autora faz suas abordagens dizendo que o que se verifica é que mesmo antes de a criança entender a escrita como alfabética, já se podem notar refacções nas suas produções iniciais. Que o que predominam são apagamentos e refacções de letras. Mas que as refacções que se constituem em apagamento de parte de texto escrito pelo adulto para construir outro, com a parte que não foi apagada, só acontece uma vez, que é quando a criança já está na primeira série.
A autora, para demonstrar melhor sua pesquisa, exemplifica o tempo todo suas abordagens, com as experiências de L. E coloca que até o início da 1º série, a escrita de L era feita com a letra de imprensa maiúscula e que com base nas exigências das próprias crianças, segundo a professora da turma, se por alguma razão a escrita for considerada “imperfeita”, ela é apagada e refeita. Fala que L, ao iniciar a escrita de um livro, o faz usando colunas. Porém, a mesma abandona este método, diante da escrita da mãe que vai construindo seu texto usando toda a linha do papel. Ela trás p.130, a questão da segmentação, falando que o pai de L só conseguia ler suas produções, se fossem feitas pela mãe, visto que não havia espaços em branco. L escrevia de forma ininterrupta

Quando a autora se refere a 2º série, ela aponta que as produções são constituídas de desenho feitos em casa ou na escola, acompanhados ou não de escrita. Utilizando uma maior variedade de textos, podendo ser refeitos conforme critérios da professora. Fala que nessa série a predominância de textos variados é bem maior. Relatando que aí, L já lida com leitura de grandes autores como os poetas Carlos Drummond, Cecília Meirelles e outros. Sendo assim, ela deixa claro que é através da prática de sala de aula e da metodologia de ensino que se conhece a professora. Que a quantidade de material coletado na 2º série parece refletir o trabalho da professora e nele podemos encontrar ricos indícios de como ela recebe essa criança.

Um outro modo de o adulto interlocutor deixar suas marcas no texto da criança, segundo ela, é a interferência direta, que poderá ser feita através de fala, comentários ou perguntas orais dirigidos ao aprendiz de escrita. Que essa interlocução poderá ser feita também através do uso da escrita ou de marcas deixadas na produção da criança. Mas para ela (a autora), isso vai se fazer notar freqüentemente nas séries mais avançadas.

Para isso, ela diz que a adoção de um paradigma adequado, e a utilização de procedimentos abdutivos têm-se mostrado produtivas no tratamento das questões propostas no seu projeto individual, que se constituem num recorte específico da questão central desse projeto, preocupando-se com a discussão da alternância de papéis discursivos constitutiva do processo
[1] Pedagoga graduada do Estado da Bahia - UNEB

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