terça-feira, 4 de março de 2008

Estágio: Diferentes Concepções

Teofilândia Rodrigues de Lima1


PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.

De acordo com as autoras o estágio sempre foi identificado como a parte prática dos cursos de formação de profissionais, em contraposição à teoria.
Elas colocam que o exercício de qualquer profissão é prático, no sentido de que se trata de aprender a fazer “algo” ou “ação”. A profissão de professor também é prática. E o modo de aprender a profissão, conforme a perspectiva da imitação, será a partir da observação, imitação, reprodução e, às vezes, reelaboração dos modelos existentes na prática consagrados como bons. Nem sempre o aluno dispõe de elementos para essa ponderação crítica e apenas tenta transpor os modelos em situações para as quais não são adequados.
Quando elas colocam a questão do estágio na perspectiva de imitação de modelos, percebemos que este tipo de estágio é o mais comum ainda hoje entre os profissionais de educação. Esses profissionais estão sempre procurando imitar alguém e buscando modelos de atividades e projetos que deram certo em outras ocasiões para serem aplicados com seus alunos, sem levar em consideração o contexto e a realidade atual dos mesmos.
Segundo elas o estágio então, nessa perspectiva, reduz-se a observar os professores em aula e imitar esses modelos, sem proceder a uma análise crítica fundamentada teoricamente e legitimada na realidade social em que o ensino se processa. Assim, a observação se limita á sala de aula, sem análise do contexto escolar, e espera-se do estagiário a elaboração e execução de “aulas modelos”.
No estágio na perspectiva da instrumentalização técnica, as autoras colocam que o exercício de qualquer profissão é técnico, no sentido de que é necessária a utilização de técnicas para executar as operações e ações próprias. Para elas a atividade de estágio nesta perspectiva, fica reduzida à hora da prática, ao “como fazer”.
A instrumentalização técnica deixa o estagiário angustiado e sobrecarregado com as exigências burocráticas do sistema, ou seja, a perspectiva do preenchimento de várias fichas vazias de conteúdos e utilidade posterior, um trabalho inútil e também com o relatório final da prática durante o estágio, relatório este muitas meramente técnico, sem reflexão sobre a prática e sem fundamentação teórica.
Para elas o reducionismo dos estágios às perspectivas da prática instrumental e do criticismo expõe os problemas na formação profissional docente. A dissociação entre teoria e prática aí presente resulta em um empobrecimento das praticas nas escolas, o que evidencia a necessidade de explicitar por que o estágio é teoria e prática (e não teoria ou prática).
Para as autoras, no movimento teórico recente sobre a concepção de estágio, é possível situar duas perspectivas que marcam a busca para superar a pretensa dicotomia entre atividade teórica e atividade prática. Elas citam que a compreensão da relação entre teoria e prática possibilitou estudos e pesquisas que têm iluminado perspectivas para uma nova concepção de estágio.
Na concepção das autoras, a pesquisa no estágio é uma estratégia, um método, uma possibilidade de formação do estagiário como futuro professor. Ela pode ser também uma possibilidade de formação e desenvolvimento dos professores da escola na relação com os estagiários.
Embora a pesquisa no estágio tenha sua origem no início dos anos 90 no Brasil, para nós é uma possibilidade nova que trás uma luz para uma mudança de concepção sobre o estágio, elemento este que assusta todos os graduandos, tanto os que têm experiência com educação quanto aos que não tem.
Pensar o estágio dessa forma, é ao mesmo tempo estimulante e assustador. Para as autoras essa visão mais abrangente e contextualizada do estágio indica, para além da instrumentalização técnica da função docente, um profissional pensante, que vive num determinado espaço e num tempo histórico, capaz de vislumbrar o caráter coletivo e social de sua profissão.
1 Pedagoga, graduada pela UNEB – Universidade do Estado da Bahia – Campus XVI – Irecê- BA.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vejo que sua visão sobre o assunto é bastante convicta de que o estágio não é apenas teoria e sim pratica em um movimento sincronico, creio que o que falta aprofundar é a concepção de fato do estágio algo mais amplo