quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Os Professores e a Concepção Construtivista

Ednólia Carvalho Dourado[1]
Teofilândia Rodrigues de Lima
[2]


SOLÉ, Isabel e COLL, César. Os professores e a concepção construtivista. In: O Construtivismo na Sala de Aula. São Paulo: Ática, 1999.


Cezar Coll e Isabel Solé, estudiosos e pesquisadores da educação, falam no primeiro capítulo do seu livro “Como ensinar o construtivismo na sala de aula”, sobre como os professores concebem o construtivismo nas suas práticas escolares. Eles começam trazendo uma discussão muito interessante que é o conceito de construtivismo.
Logo no primeiro parágrafo, eles falam da dificuldade que representa o ensinar em si para o professor e, nos mostram que a palavra ensinar é de uma complexidade muito grande, visto que ela não se restringe a apenas os aspectos formativos da sala de aula, mas inclui essencialmente, as relações humanas no contexto da escola. Percebemos que isso está presente nas discussões dos cursos de pedagogia, nos debates de educadores em seminários e congressos no Brasil inteiro. Pois a grande preocupação hoje é o trabalho descontextualizado de muitos professores nas práticas de sala de aulas e o reflexo dessas práticas, na aprendizagem dos alunos, principalmente os da escola pública.
Eles falam que o objetivo deste estudo é discutirem sobre as limitações e os alcances dos professores na hora de compreenderem o construtivismo. E para falar em limitações do professor, a maioria ainda faz dele um livro de receitas, cujas medidas já se encontram prontas para serem seguidas. Nisto, assim como em outros pontos que com certeza vão ser levantados mais à frente, concordamos com eles.
Esta convergência de opinião está no fato de que realmente existe uma concepção errônea na prática de muitos professores. Alguns, quando discutem acerca do construtivismo, até dizem ser necessário à volta do chamado ensino tradicional, cuja função é sistematizar os conteúdos de forma mecânica, visto que para esses professores, em relação ao construtivismo, os alunos apenas brincam. Falando assim, parece que o ensino para esses professores, algum dia já deixou de ser “tradicional”.
Depois de muita discussão sobre a real conceituação, visto que para uns é teoria, para outros uma concepção ou até mesmo referencial, eles dizem que o mais importante mesmo é o uso que o professor faz dele. Que seja capaz de ajudá-lo no desempenhar das suas atividades, e que não tomem como uma simples teoria porque ela não determina a ação, pois esta deve contar com os elementos presentes e as situações imprevistas, bem como contar também com um conjunto de decisões que não dependem exclusivamente do professor.
Isso representa um forte fator de discussão porque o que presenciamos é a introdução de teorias e métodos, geralmente copiados de fora pelo nosso sistema de educação, para serem interiorizados e executados pelos professores. A maioria dos profissionais de educação não concebe esta construção como situações desafiadoras, em que a criança é levada a ter conhecimento de algo, a partir de descobertas e vivências. E mais grave se torna a situação quando o professor acha que o ensino deve priorizar o lúdico a todo o momento, esquecendo que existe um conteúdo que deverá também ser contemplado nesse processo.
Porém, para que isso aconteça necessário se faz uma formação desses professores, no sentido de trazer uma melhor compreensão dessa teoria ou concepção, e procurar relacionar e adequar à nossa situação educacional. Pois o que vem a ser a criança construir seu próprio conhecimento? Este é o ponto mais delicado. Aliado a isso tudo, o professor deverá perceber que o “construir” não significa para a criança reproduzir a realidade e sim interpretar e elaborar um objeto já existente, e para isso esse professor precisa considerar seu contexto social e cultural, bem como suas hipóteses de construção.

[1] Pedagoga, graduada pela Universidade do Estado da Bahia, DCHT – Campus XVI – Irecê.
[2] Pedagoga, graduada pela Universidade do Estado da Bahia, DCHT – Campus XVI – Irecê.

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