quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Travessias Históricas

1 - Da Humanidade.

Até a humanidade chegar aos dias de hoje os caminhos foram longos, transformando, aos poucos, o homem em homem-máquina, criador e escravo dos seus inventos e egoismos.

Dois grandes movimentos da humanidade nos interessam, de imediato:

1 - O movimento iluminista, que realizou a passagem da Idade Moderna (Renascimento, Reforma Religiosa, Descobrimentos Marítimos, e Formação dos Modernos Estados Nacionais ) para a Idade Contemporânea, através da Revolução Francesa de 1789. O homem econômico portanto, consolidava-se e, com ele, a sociedade competitiva, agora organizada à luz de uma doutrina racional que podia ser exportada e controlada à distância. As monarquias tremeram em suas bases. Os reis e imperadores já não eram os representantes de Deus, na terra. Ruía por terra o que havia da antiga ética e das superstições. Com o iluminismo a crítica e a razão sobrepujaram a fé, liquidando o Fideísmo , pelo qual todo conhecimento tinha como fonte a fé ; e o Teocentrismo, Deus como centro de tudo...

Com Denis Diderot ( França-1713-1784 ), pai da Enciclopédia Francesa, " o primeiro passo para a filosofia era a incredulidade" Com Julien-Ofrroy de la Mettrie ( França-1709- 1741) o homem foi comparado à máquina ( no livro " O Homem Máquina " ). Tal comparação, de caráter irremediavelmente irreligioso e ateísta, permitiu que as leis da mecânica fossem transportadas para a sociedade humana. Com Etiene Bonnot de Condillac ( França -1715- 1771, religioso e abade ) o conhecimento nada tinha de sobrenatural ou transcendental, senão que era fruto dos sentidos, como audição, tato, paladar, visão.

Quando Charles Darwin publicou Origem das Espécies, arguindo nossa ancestralidade ligada a um primata superior, automaticamente liquidou com o mito do judeu primitivo, Adão, como o ponto de partida da raça humana. A luta pela sobrevivência nos reinos inferiores ( que conseguia ser harmônica ) foi, automaticamente, transportada para a sociedade dos homens com o pomposo nome de " sobrevivência do mais apto " pelo filósofo Herbert Spencer. Thomas Hobbes, também inglês, então, construiria seu famoso axioma: bellum omnium contra omnes" ( a guerra de todos contra todos ), indiferente ao fato que o animal agia por instinto e o homem pela inteligência.

O " mito do judeu primitvo " voltaria a ser rompido por Teilhard de Chardin ( padre, filósofo, arqueólogo, etc ) aos nos afirmar em " O Fenômeno Humano " , " que o homem é o fruto de um trabalho de bilhões de anos realizado pela natureza, ao criar a matéria com estado anímico ", embora o mesmo Teilhard, piedosamente, teologize a evolução quando nos afirma que " o fim último e superior da matéria anímica é a hominização, determinada pelo Divino ".

2 - O socialismo soviético: Segundo a intenção de Karl Marx ( discuti-lo exigiria um trabalho em separado ) o homem voltaria a ser ético e a sociedade cordial. Não deu certo. O "culto à personalidade ", o " ultracentralismo ", duas guerras mundiais, uma guerra civil ( com um inventário de 40 milhões de mortos) e os bloqueios econômicos europeus, liquidaram o homem ético e a sociedade cordial pelas pressões do " homem econômico " - símbolo da sociedade competitiva.

2 - Do Brasil

1 - a raça:
O processo colonizatório português tem em seu conteúdo uma imensa mistura de raças, desde negros, índios e, sobretudo povos das margens do mediterrâneo.
2 - financiamento do porcesso colonizatório:
A Coroa Portuguesa não tinha dinheiro suficiente para o processo colonizatório e houve que aceitar ser financiada por dinheiro de estrangeiros, principalmente dos judeus. Fernando de Noronha, rico judeu italiano de Gênova, financiou a expedição costeira de 1501 e com o fruto do seu dinheiro a de 1503.

3 - a divisão comercial do processo colonizatório:

Em conseqüência, Fernão de Noronha ganhou o direito de comercializar com o "pau-Brasil" e a Ilha da Quaresma, hoje Arquipélago Fernão de Noronha. A Coroa ficou com o direito de exploração, estabelecendo o "Estanco", ou atividade estatal do "pau-Brasil", que somente foi suspenso em 1858, em pleno II Reinado.

4 - os estrangeiros pobres :

Entre os estrangeiros pobres que chegaram ao Brasil poucos ficaram no litoral. A maioria migrou para o interior fundando a atividade pastoril e a agricultura.

Como se vê, o Brasil foi um imenso negócio comercial no qual apenas os índios e os negros saíram perdendo. Rocha Martins, historiador português, fala da "alma generosa" de Portugal ao afirmar, na sua obra "História das Colônias Portuguesas, Lisboa, 1933 : " Portugal, batido pelo mar, ou alvo das suas carícias, se não apresenta a estrutura duma caravela orçando os panos, evoca um vasto estaleiro no qual se laboraram, sob o mesmo influxo, naus e almas ansiosas de descobrir mundos como se não coubessem nos limites do reino penosamente conquistado. Tais espíritos provinham dos antigos argonautas, que, nas mais recuadas idades, ungidos de braveza, desaproavam de suas pátrias - Grécia, Fenícia, Ligúria - em barcas trabalhadas nas madeiras jônicas, libanas e genovesas para vararem nas praias extremas da península..."

O Brasil português de hoje é apenas um tributo histórico a Portugal, pois os bancos e as indústrias pesadas e de ponta estão em mãos de alemães, franceses, suecos, suíços, ingleses, árabes e sírios-libaneses, descendentes ou não de judeus, uma espécie de enclave europeu...

A cobiça estrangeira no processo colonizatório brasileiro.

A França Antártica : 1555 \ 1567, instaurada pelos franceses e, através do seu rei Fernando I, de França, pediu a Portugal o testamento de Adão provando que o Brasil era português. Em resposta à advertência que havia feito aos franceses, Portugal mandou ocupar militarmente o Brasil.

A França Equinocial : 1612 \ 1615 - fundada pelos franceses, que recuaram para o Maranhão após serem derrotados por Portugal. A dominação holandesa: através da Companhia das Índias Ocidentais. A primeira tentativa se deu na Bahia em 1624, quando foram repelidos após um ano de lutas. A segunda em Pernambuco, em 1630, ali permanecendo por 24 anos, O Príncipe Maurício de Nassau foi dirigente dos interesses da companhia de 1637 até 1644. Somente a partir de 1649 , com as Batalhas Guararapes, os holandeses foram derrotados, capitulando a 21 de janeiro de 1654. A Paz de Haia, que reconhecia os direitos de Portugal sobre o Brasil, somente seria assinada em 1661.

A Revolução Praieira.

A Revolução Praieira de 1848, ocorrida em Pernambuco, tem sido apontada como uma das primeiras e mais antigas manifestações político-militar-ideológicas do socialismo utópico fruto das reflexões de Saint-Simon, pensador francês, ( que permitiu a Augusto Comte criar a sua filosofia do positivismo ), o profeta do partido dos trabalhadores, nascido primeiramente na Inglaterra e não na França, conforme era o seu desejo.

A Praieira lançou um Manifesto Ao Mundo, assinado e redigido por Borges da Fonsêca, seguido por João Inácio Ribeiro Roma ( Padre Roma, fuzilado na Bahia), João Batista do Amaral, Leandro Cesar Paes, etc, etc, com as seguintes exigências, mesmo não contando com a assinatura do grande chefe da revolução, Nunes Machado, que depois morreria durante os entreveros. A Praieira, portanto, exercitou um tipo de nacionalismo que nasceu dentro do processo colonizatório através dos próprios filhos rebelados contra o Reino de Portugal, sendo o ponto culminante das rebeliões nativas, ao publicar seu manifesto:

" 1) - Voto livre e universal do Povo Brasileiro ; 2 ) - A plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio da imprensa; 3) - O trabalho como garantia de vida para os cidadãos Brasileiros; 4) - O comércio a retalho só para os Cidadãos Brasileiros; 5) - A inteira e efetiva independência dos poderes constituídos; 6) - A extinção do Poder Moderador e do direito de agraciar ; 7) - O elemento federal na nova organização; 8) - Completa reforma do poder judicial, em ordem a assegurar as garantias dos direitos individuais dos cidadãos; 9) - Extinção da lei do juro convencional; 10) - Extinção do atual sistema de recrutamento " ( História das Idéias Socialistas no Brasil, de Vamireh Chacon, editora do Senado Federal, coleção Bernardo Pereira de Vasconcelos)

O Brasil e a internacionalização da economia

Outra vez estamos diante da cobiça internacional, num momento no qual a Amazônia é questão crucial para o mundo e a nossa dívida externa vai se tornando impagável. Por outro lado, a cobiça internacional também vai criando problemas para os mais ricos, assentando-se no fluxo de capital, ditado pela relação produtor e comprador, levando os ricos a também sofrerem perdas internacionais. E se torna difícil, do ponto de vista definitivo, aferramento às velhas teses da conspiração internacional dos ricos - tese que as esquerdas precisam redefinir...

Fatos preocupantes:

1 - Nosso sistema de segurança nacional não evoluiu para a guerra eletrônica, detendo-se na guerra convencional, e ainda assim sem capacidade para reabastecimento em caso de conflitos duradouros.E mais grave: com o poder reduzido quase a poder de polícia.
Sem contar que os organismos internacionais pretendem diminuir os efetivos militares do Terceiro Mundo e até mesmo trasnformá-los em efetivos internacionais que seriam incorporados aos efetivos das grandes potências para os casos de intervenções em países considerados malditos.

2 - As Organizações Não Governamentais, ONGs, por maior boa vontade que possam demonstrar, claro, pertencem a países que apoiaram movimentos internos brasileiros que elas mesmas condenam atualmente. E com capacidade até mesmo para formarem e apoiarem governos provisórios no exterior com fins à formação de Estados autônomos, favorecendo os amantes das doutrinas separatistas.

3 - As privatizações, aos poucos, vão incluindo setores ligados à segurança nacional, como Vale do Rio Doce, Petrobrás, Banco do Brasil, transporte, comunicação e saúde, obrigando-nos a uma revisão sobre o tema segurança nacional.

4 - A internacionalização da economia enfrenta problemas nos seus territórios de origem. Na Europa o Tratado de Maastricht, de reunificação, enfrenta dois tipos de problemas, segundo o professor Benjamin Barber, da Universidade de Rutgers, Alemanha:

a - da MacDonaldização :

O termo foi tomado de empréstimo ao sanduwich MacDonald. Mas na verdade siginifica globalização da economia, otimização da economia num mundo sem fronteiras, com a fraternidade universal sendo distribuída pelos computadores, via satélites, e conduzida pela indiferença dos impulsos elétricos.

b - do Djihad: todos os povos com economia mais sólida aceitam a globaliza;cão da economia, desde que ela não interfira nas suas religiões, raças e geografias porque, aí chegando, ela provoca o que professor o da Universidade de Rutgers chama de Regressão Tribal, sinônimo do Djihad, com guerras de todas as naturezas e pedidos de auto-determinação dos povos, mostrando que tanto a Globalização como a Regressão Tribal ameaçam a democracia...

O que espanta, no Brasil, é a naturalidade com que adotamos doutrinas que geram tensões em outras partes do mundo, como se tudo parecesse novo. Como se já houvéssemos feito a diferença entre imperialismo e globalização. Como se iguais e opostos fossem a mesma coisa...

Luiz Nogueira Barros é médico, cronista e sócio efetivo do IHGA

Gazeta de Alagoas.

23.09.97

3 comentários:

Anônimo disse...

Os clips de Creed são de+!!!

Anônimo disse...

Fale mais de outras bandas e coloque clips delas, gostei. weuweuweu

Anônimo disse...

esse clips são o maximo.